(Poema que eu gostaria de ter escrito para o meu amor)
Como se ama o silêncio, a luz, o aroma,
Como se ama o silêncio, a luz, o aroma,
O orvalho numa flor, nos céus as estrelas,
No largo mar a sombra de uma vela,
Que lá na extrema do horizonte assoma;
Como se ama o clarão da branca lua,
Da noite na nudez os sons da flauta,
As canções saudosíssimas do nauta,
Quando em mole vaivém a nau flutua;
Como se ama das aves o gemido,
Da noite as sombras e do dia as cores,
Um céu com luzes, um jardim com flores,
Um canto quase em lágrimas sumido;
Como se ama o crepúsculo da aurora,
A mansa viração que o bosque ondeia,
O sussurro da fonte que serpeia,
Uma imagem risonha e sedutora;
Como se ama o calor e a luz querida,
A harmonia, o frescor, os sons, os céus,
Silêncios, e cores, e perfume, e vida,
Os pais e a pátria e a virtude e a Deus;
Assim eu te amo, assim; mais do que podem
Dizer-to os lábios meus, – mais do que vale
Cantar a voz do trovador cansada:
O que é belo, o que é justo, santo e grande
Amo em ti, - Por tudo quanto sofro,
Por quanto já sofri, por quanto ainda
Me resta sofrer, por tudo eu te amo.
(...)
(...)
(GONÇALVES DIAS)
2 comentários:
meu comentário é: Sem comentários!
Esse poema tem uma história linda... e triste tb!
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