Quando falamos de narcisismo estamos no campo das qualidades, dos valores: bondade e maldade, inteligência e mediocridade, valentia e covardia, melhor e pior, homem e mulher, etc. Em primeira instância quem estabelece que, para cada sujeito no início de sua vida, tal ser incipiente é possuidor de qualidades é a perspectiva de um outro, especialmente dos pais. O narcisismo em sua dimensão primitiva tem a ver com esse momento em que são instauradas no sujeito, através do olhar de terceiros, essas qualidades que o definem para os outros e para si mesmo. Isso tudo é o fundamental do narcisismo para cada um de nós.
É através desse investimento externo sobre o psiquismo que vai ser instaurado (no narcisismo primário) um estado precoce em que a criança investe toda sua libido em si mesma. (9) Na melhor das possibilidades, então, constitui-se um campo da ilusão, o da ilusão narcísica: o pequeno sujeito vai passar não só a ser alimentado por uma imagem ao mesmo tempo integrada e de perfeição, mas também vai poder, a partir daí, definir-se, identificar-se, reconhecer-se.
Freud define essa imagem perfeita de si mesmo como ‘eu ideal’ - muito embora uma distinção mais precisa desse termo e do ‘ideal de eu’ tenha sido feita posteriormente por outros teóricos. À medida que se constitui essa imagem de si mesmo, esta vai ser cultivada e defendida como uma necessidade de satisfação narcísica. Em última análise é uma relação de amor consigo mesmo que surge e daqui para frente se transformará numa demanda: demanda de ser objeto do amor de um outro.
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